sábado, 12 de março de 2011

Como diria Quintana quem ama Poesia é um poeta sem saber...

Isto tb é Poesia apresento-lhes Sofia, a perereca que ganhei de meu irmão Lê, resolveu batizá-la e além disso vestiu a roupa do poney transformando-a em uma perereca bailarina... Achei demais...

Rãzinha Verde
Rãzinha verde - Mario Quintana

Rãzinha verde, tu nem sabes quanto
Foi bem que eu te quis, ao encontrar-te...
Tu me deste a alegria franciscana
De não fugires ao sentir meu passo.
Tão linda, tão magrinha, pele e ossos,
Decerto ainda nem comeras nada...
Minha pequena bailarina pobre!
Se eu fosse bicho... sabe lá que tantos
Que verdes amores seriam os nossos...
Mas, se fosses gente, iríamos morar
Sob um céu oblíquo de água-frutada,
Um céu cara a cara – só nosso
E aonde apenas chegasse o canto das cigarras
E o vago marulho do mundo afogado...



Lago vetusto:
A rã se lança n'água
Com estrépito

Anônimo
Portal, julho de 1987



Em pleno luar,
Ao duplo salto de um sapo,
Seguiu-se um desmaio.

Abel Pereira
Mármore Partido,1989



VELHO LAGO
MERGULHA A RÃ
FRAGOR D'ÁGUA

Alberto Marsicano
Haikai,1988


Velho tanque abandonado ao silêncio...
lança-se a rã num mergulho:
quase inaudível som da água.

Antônio Nojiri
Poesia japonesa, 2005



A Rã

Coro de cor, sombra de som de cor, de mal me quer
De mal me quer, de bem, de bem me diz
De me dizendo assim: serei feliz
Serei feliz de flor, de flor em flor
De samba em samba em som, de vai e vem
De verde, verde ver pé de capim
Bico de pena, pio de bem-te-vi
Amanhecendo sim perto de mim
Perto da claridade da manhã
A grama, a lama, tudo é minha irmã
A rama, o sapo, o salto de uma rã

Caetano Veloso e João Donato
in Caetano Veloso Songbook, de Almir Chediak (ed.), 1997

silencioso lago
o sapo salta
tchá

Carlos Verçosa, tradutor de Octavio Paz
Oku: viajando com Bashô,1996

No velho tanque
Uma rã salta-mergulha
Ruído na água.

Casimiro de Brito
Uma rã que salta: homenagem a Bashô, 1995

Velho tanque.
Uma rã mergulha.
Barulho da água.

Cecília Meirelles
Escolha o seu sonho, 1974

Embaixo do tanque
Não encontro o que procuro
Uma rã me assusta.

Clóvis Moreira dos Santos
Haicais - 1a Antologia 2001, 2001




No lago, mergulha
uma rã... Na água, a manhã
verde-azul borbulha...

Cyro Armando Catta Preta
Moenda dos Olhos, 1986


Perereca

Elástica... pula...
Risco acrobático, arisco.
A poça se ondula...

Cyro Armando Catta Preta
Palhas do Tempo, 1993




VELHA
LAGOA


UMA RÃ
MERG ULHA
UMA RÃ


ÁGUÁGUA


Décio Pignatari
citado em Matsuo Bashô, de Paulo Leminski, 1987


Tanque envelhecido
uma rã nele mergulha
um barulho n'água!

Delores Pires
O livro dos haicais, 2001

Superfície verde.
A rã mergulha quebrando
a tranqüilidade.

Eduardo Martins
Poemas japoneses, 1950


chuá, chuá
coach, coach
tchibum!

Estrela Ruiz Leminski
Cupido: cuspido, escarrado, 2004



Uma rã saltando
blum o rio também
pula alforriado

Fernando Sérgio Lyra
Planos de Gaivota, 1996

Ah! o antigo açude!
E quando uma rã mergulha,
o marulho da água.

Guilherme de Almeida
Acaso: versos de todo tempo, 1938


No velho poço
plop e some, tão fria
a rã de Bashô

Gustavo Alberto Corrêa Pinto
Gotas de Orvalho, 1990


o velho tanque


rã salt'


tomba


rumor de água

Haroldo de Campos
A arte no horizonte do provável, 1969

camões revisto por bashô


as rãs

daqui e dali s l a d
a t n o

o charco soa

Haroldo de Campos
Crisantempo: no espaço curvo nasce um, 1998


o salto da rã
sobre a folhagem
contorce o verso

Jaime Vieira
Hai-kais ao sol (antologia), 1995


Verde

Na lâmina azinhavrada
desta água estagnada,
entre painéis de musgo
e cortinas de avenca,
bolhas espumejam
como opalas ocas
num veio de turmalina:
é uma rã bailarina,
que ao se ver feia, toda ruguenta,
pulou, raivosa, quebrando o espelho,
e foi direta ao fundo,
reenfeitar, com mimo,
suas roupas de limo...

João Guimarães Rosa
Magma, 1997


Quebrando o silêncio
de charco antigo, a rã salta
na água, ressoar fundo.

Jorge de Sena
Poesias de 26 séculos, v.2, 1960

O velho tanque
uma rã mergulha
dentro de si.

Jorge de Souza Braga
O gosto solitário do orvalho, 1986


o tanque estanque

mergulho de rã: t
SHI
bun !


circunfluindo ...


Josely Viana Batista
jornal Gazeta do Povo, Curitiba, s/d


Na beira do charco,
coaxa o sapo-ferreiro
e acorda o silêncio.

Leda Mendes Jorge
Haicais, 1999



Na antiga lagoa
pro fundo uma rã mergulha.
Barulho das águas.

Lena Jesus Ponte
Na trança do tempo, 2000


Salta a rã no lago
((((( o tremor da água se espalha )))))
mergulha em galáxias.

Lena Jesus Ponte
Na trança do tempo, 2000


Ao pular de um sapo,
as águas do velho lago
se abriram sonoras...

Luís Antônio Pimentel
Tankas e haikais, 1953


Um velho lago parado... cerrado... calado...
de águas turvas e tranqüilas,
realizava, no deslumbramento da noite clara,
seu sonho antigo de ser espelho...
Seu fundo lodoso e sombrio
refletia, cheio de orgulho,
um cortejo relumbrante de estrelas,
quando um sapo, asqueroso e profano,
saltou sobre ele,
arrancando de suas águas
um arrepio de pavor
e um gemido estrangulado de agonia...

Luís Antônio Pimentel
Tankas e haikais, 1953


Água resmungona...
No tanque limoso
o pulo da rã.

Luiz Bacellar
Satori, 1999


O pulo

Estrela foi se arrastando no chão deu no sapo
sapo ficou teso de flor!
e pulou o silêncio

Manoel de Barros
Arranjos para Assobio, 1982


As pererecas
pulam no lago verde
A água suspira

Maria Apparecida Arruda
Hai-kais ao sol (antologia), 1995


Sobre o tanque morto
Um ruído de rã
Que mergulha.

Maria Ramos, tradutora de Osvaldo Svanascini
Três mestres do haikai: Bashô, Buson, Issa,1974


Nem grilo, grito, ou galope;
No silêncio imenso
Só uma rã mergulha plóóp!

Millôr Fernandes
Hai-kais, 1986


águas paradas
mal pula a rã se inundam
de ondas sonoras

Nelson Ascher
Folha de S.Paulo, 19/01/2004


Na grama da praça,
a rã salta, salta e assusta
a moça que passa.

Nilton Manoel
Poesia Mágica (Haicais), 2008


Ploc! Uma rã pula
no silêncio da lagoa,
e o silêncio ondula.

Oldegar Vieira
Gravuras no vento, 1994


Sobre o tanque morto
um ruído de rã
submergindo.

Olga Savary
O livro dos hai-kais, 1987


Ah, o velho lago.
De repente a rã no ar
e o baque na água.

Olga Savary
Bashô, 1989


O velho tanque
Uma rã mergulha,
Barulho de água.

Paulo Franchetti e Elza Doi
Haikai, 1990



velha lagoa
o sapo salta
o som da água

Paulo Leminski
Matsuo Bashô: A Lágrima do Peixe, 1983


MALLARMÉ BASHÔ


um salto de sapo
jamais abolirá
o velho poço

Paulo Leminski
La vie en close, 1991



No tanque vetusto
um estalido na água:
o salto da rã!

Primo Vieira
Bashô - Palhas de arroz, 1994
Plenitude


A água está parada.
Uma rã salta no musgo.
Olho. E mais nada.

Raul Machado
As Cinco Estações, 1993



velho tanque
a rã salta
som do baque n'água

Regina Bostulim
Armadilha de Polvos, 2003



O tanque rachado.
Um fio de água molha
a pata da rã.

Roberto Saito
Fúrias - Faíscas - O grande silêncio, 1992


O sapo mergulha:
N'água fria da lagoa
uma pedra parda.

Ronaldo Bomfim
Essências e medulas, 2000



Com seu pulo mole
mergulha... A água borbulha
e num gole a engole...

Sebas Sundfeld
Sínteses Poéticas, 2002


Um velho tanque:
salta uma rã zás!
esquichadelas.

Sebastião Uchoa Leite, tradutor de Octavio Paz
Signos em Rotação, 1971


O sapo pulou
no velho tanque vazio
e... espatifou-se.

Sérgio Dal Maso
Natureza - Berço do haicai (antologia), 1996


No velho tanque,
saltou uma rã. O bulício...

Tei Okimura
A poesia e os japoneses: o "haikai"
in: Brasil e Japão, duas civilizações que se completam, 1934


Ruidosas crianças
Afugentam da lagoa
As rãs de Bashô.

Teruko Oda
Relógio de sol, 1994



No capim que cresce
A pequena rã mergulha
Tarde cinza-chumbo.

Teruko Oda
Haicai - A poesia do kigô, 1995


Um templo, um tanque musgoso;
Mudez, apenas cortada
Pelo ruído das rãs,
Saltando à água, mais nada...

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