

Rãzinha Verde
Rãzinha verde - Mario Quintana
Rãzinha verde, tu nem sabes quanto
Foi bem que eu te quis, ao encontrar-te...
Tu me deste a alegria franciscana
De não fugires ao sentir meu passo.
Tão linda, tão magrinha, pele e ossos,
Decerto ainda nem comeras nada...
Minha pequena bailarina pobre!
Se eu fosse bicho... sabe lá que tantos
Que verdes amores seriam os nossos...
Mas, se fosses gente, iríamos morar
Sob um céu oblíquo de água-frutada,
Um céu cara a cara – só nosso
E aonde apenas chegasse o canto das cigarras
E o vago marulho do mundo afogado...
Lago vetusto:
A rã se lança n'água
Com estrépito
Anônimo
Portal, julho de 1987
Em pleno luar,
Ao duplo salto de um sapo,
Seguiu-se um desmaio.
Abel Pereira
Mármore Partido,1989
VELHO LAGO
MERGULHA A RÃ
FRAGOR D'ÁGUA
Alberto Marsicano
Haikai,1988
Velho tanque abandonado ao silêncio...
lança-se a rã num mergulho:
quase inaudível som da água.
Antônio Nojiri
Poesia japonesa, 2005
A Rã
Coro de cor, sombra de som de cor, de mal me quer
De mal me quer, de bem, de bem me diz
De me dizendo assim: serei feliz
Serei feliz de flor, de flor em flor
De samba em samba em som, de vai e vem
De verde, verde ver pé de capim
Bico de pena, pio de bem-te-vi
Amanhecendo sim perto de mim
Perto da claridade da manhã
A grama, a lama, tudo é minha irmã
A rama, o sapo, o salto de uma rã
Caetano Veloso e João Donato
in Caetano Veloso Songbook, de Almir Chediak (ed.), 1997
silencioso lago
o sapo salta
tchá
Carlos Verçosa, tradutor de Octavio Paz
Oku: viajando com Bashô,1996
No velho tanque
Uma rã salta-mergulha
Ruído na água.
Casimiro de Brito
Uma rã que salta: homenagem a Bashô, 1995
Velho tanque.
Uma rã mergulha.
Barulho da água.
Cecília Meirelles
Escolha o seu sonho, 1974
Embaixo do tanque
Não encontro o que procuro
Uma rã me assusta.
Clóvis Moreira dos Santos
Haicais - 1a Antologia 2001, 2001
Rã
No lago, mergulha
uma rã... Na água, a manhã
verde-azul borbulha...
Cyro Armando Catta Preta
Moenda dos Olhos, 1986
Perereca
Elástica... pula...
Risco acrobático, arisco.
A poça se ondula...
Cyro Armando Catta Preta
Palhas do Tempo, 1993
VELHA
LAGOA
UMA RÃ
MERG ULHA
UMA RÃ
ÁGUÁGUA
Décio Pignatari
citado em Matsuo Bashô, de Paulo Leminski, 1987
Tanque envelhecido
uma rã nele mergulha
um barulho n'água!
Delores Pires
O livro dos haicais, 2001
Superfície verde.
A rã mergulha quebrando
a tranqüilidade.
Eduardo Martins
Poemas japoneses, 1950
chuá, chuá
coach, coach
tchibum!
Estrela Ruiz Leminski
Cupido: cuspido, escarrado, 2004
Uma rã saltando
blum o rio também
pula alforriado
Fernando Sérgio Lyra
Planos de Gaivota, 1996
Ah! o antigo açude!
E quando uma rã mergulha,
o marulho da água.
Guilherme de Almeida
Acaso: versos de todo tempo, 1938
No velho poço
plop e some, tão fria
a rã de Bashô
Gustavo Alberto Corrêa Pinto
Gotas de Orvalho, 1990
o velho tanque
rã salt'
tomba
rumor de água
Haroldo de Campos
A arte no horizonte do provável, 1969
camões revisto por bashô
as rãs
daqui e dali s l a d
a t n o
o charco soa
Haroldo de Campos
Crisantempo: no espaço curvo nasce um, 1998
o salto da rã
sobre a folhagem
contorce o verso
Jaime Vieira
Hai-kais ao sol (antologia), 1995
Verde
Na lâmina azinhavrada
desta água estagnada,
entre painéis de musgo
e cortinas de avenca,
bolhas espumejam
como opalas ocas
num veio de turmalina:
é uma rã bailarina,
que ao se ver feia, toda ruguenta,
pulou, raivosa, quebrando o espelho,
e foi direta ao fundo,
reenfeitar, com mimo,
suas roupas de limo...
João Guimarães Rosa
Magma, 1997
Quebrando o silêncio
de charco antigo, a rã salta
na água, ressoar fundo.
Jorge de Sena
Poesias de 26 séculos, v.2, 1960
O velho tanque
uma rã mergulha
dentro de si.
Jorge de Souza Braga
O gosto solitário do orvalho, 1986
o tanque estanque
mergulho de rã: t
SHI
bun !
circunfluindo ...
Josely Viana Batista
jornal Gazeta do Povo, Curitiba, s/d
Na beira do charco,
coaxa o sapo-ferreiro
e acorda o silêncio.
Leda Mendes Jorge
Haicais, 1999
Na antiga lagoa
pro fundo uma rã mergulha.
Barulho das águas.
Lena Jesus Ponte
Na trança do tempo, 2000
Salta a rã no lago
((((( o tremor da água se espalha )))))
mergulha em galáxias.
Lena Jesus Ponte
Na trança do tempo, 2000
Ao pular de um sapo,
as águas do velho lago
se abriram sonoras...
Luís Antônio Pimentel
Tankas e haikais, 1953
Um velho lago parado... cerrado... calado...
de águas turvas e tranqüilas,
realizava, no deslumbramento da noite clara,
seu sonho antigo de ser espelho...
Seu fundo lodoso e sombrio
refletia, cheio de orgulho,
um cortejo relumbrante de estrelas,
quando um sapo, asqueroso e profano,
saltou sobre ele,
arrancando de suas águas
um arrepio de pavor
e um gemido estrangulado de agonia...
Luís Antônio Pimentel
Tankas e haikais, 1953
Água resmungona...
No tanque limoso
o pulo da rã.
Luiz Bacellar
Satori, 1999
O pulo
Estrela foi se arrastando no chão deu no sapo
sapo ficou teso de flor!
e pulou o silêncio
Manoel de Barros
Arranjos para Assobio, 1982
As pererecas
pulam no lago verde
A água suspira
Maria Apparecida Arruda
Hai-kais ao sol (antologia), 1995
Sobre o tanque morto
Um ruído de rã
Que mergulha.
Maria Ramos, tradutora de Osvaldo Svanascini
Três mestres do haikai: Bashô, Buson, Issa,1974
Nem grilo, grito, ou galope;
No silêncio imenso
Só uma rã mergulha plóóp!
Millôr Fernandes
Hai-kais, 1986
águas paradas
mal pula a rã se inundam
de ondas sonoras
Nelson Ascher
Folha de S.Paulo, 19/01/2004
Na grama da praça,
a rã salta, salta e assusta
a moça que passa.
Nilton Manoel
Poesia Mágica (Haicais), 2008
Ploc! Uma rã pula
no silêncio da lagoa,
e o silêncio ondula.
Oldegar Vieira
Gravuras no vento, 1994
Sobre o tanque morto
um ruído de rã
submergindo.
Olga Savary
O livro dos hai-kais, 1987
Ah, o velho lago.
De repente a rã no ar
e o baque na água.
Olga Savary
Bashô, 1989
O velho tanque
Uma rã mergulha,
Barulho de água.
Paulo Franchetti e Elza Doi
Haikai, 1990
velha lagoa
o sapo salta
o som da água
Paulo Leminski
Matsuo Bashô: A Lágrima do Peixe, 1983
MALLARMÉ BASHÔ
um salto de sapo
jamais abolirá
o velho poço
Paulo Leminski
La vie en close, 1991
No tanque vetusto
um estalido na água:
o salto da rã!
Primo Vieira
Bashô - Palhas de arroz, 1994
Plenitude
A água está parada.
Uma rã salta no musgo.
Olho. E mais nada.
Raul Machado
As Cinco Estações, 1993
velho tanque
a rã salta
som do baque n'água
Regina Bostulim
Armadilha de Polvos, 2003
O tanque rachado.
Um fio de água molha
a pata da rã.
Roberto Saito
Fúrias - Faíscas - O grande silêncio, 1992
O sapo mergulha:
N'água fria da lagoa
uma pedra parda.
Ronaldo Bomfim
Essências e medulas, 2000
Rã
Com seu pulo mole
mergulha... A água borbulha
e num gole a engole...
Sebas Sundfeld
Sínteses Poéticas, 2002
Um velho tanque:
salta uma rã zás!
esquichadelas.
Sebastião Uchoa Leite, tradutor de Octavio Paz
Signos em Rotação, 1971
O sapo pulou
no velho tanque vazio
e... espatifou-se.
Sérgio Dal Maso
Natureza - Berço do haicai (antologia), 1996
No velho tanque,
saltou uma rã. O bulício...
Tei Okimura
A poesia e os japoneses: o "haikai"
in: Brasil e Japão, duas civilizações que se completam, 1934
Ruidosas crianças
Afugentam da lagoa
As rãs de Bashô.
Teruko Oda
Relógio de sol, 1994
No capim que cresce
A pequena rã mergulha
Tarde cinza-chumbo.
Teruko Oda
Haicai - A poesia do kigô, 1995
Um templo, um tanque musgoso;
Mudez, apenas cortada
Pelo ruído das rãs,
Saltando à água, mais nada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário